SUBIDA DO LEITE: como prevenir uma possível mastite?

SUBIDA DO LEITE: como prevenir uma possível mastite?

Mai 15, 2020

Porque razão, antes de sermos mães, ninguém nos avisa que amamentar pode ser tão difícil? Sim, é um facto!

Sortudas aquelas mulheres em que o bebé logo desde o primeiro instante pega bem na mama! Sortudas, igualmente, as que passam pela fase de subida do leite sem praticamente sintomatologia associada. E sortudas ainda, aquelas que, não passando por momentos fáceis, estão informadas e têm a capacidade de utilizar esse conhecimento em seu benefício pessoal.

Pois bem, É ISSO QUE PRETENDO PARA CADA UMA DE VÓS: Que consigam ultrapassar a fase menos boa da amamentação e, eventualmente, manter aleitamento materno, se for esse o vosso desejo. NUNCA SE ESQUEÇAM: sigam o vosso coração, o desejo que têm e não a vontade ou o palpite de outros 🙂

Estou grávida, o meu desejo é amamentar, como me posso preparar?

  • Aconselhar-se junto de um profissional de saúde de referência e, se possível, especialista na área da saúde materna e obstetrícia.

O bebé nasceu, o que fazer?

  • Sempre que possível e o estado de saúde do bebé e da mãe o permitam, oferecer maminha ao bebé na primeira hora de vida;
  • Amamentar em horário livre, alternando as posições do bebé na amamentação (para que drene os vários quadrantes mamários);
  • Dá-se a subida do leite (entre o 3º e o 5º dia pós-parto):

Quem já amamentou, revê-se agora no que vou dizer: aquando da subida do leite a mama produz quantidades de leite superiores às que o bebé necessita (até que haja uma normalização da produção tendo em conta as necessidades do bebé). É na fase de subida do leite que começa a tensão mamária, com calor local (parece, literalmente, que a mama vai explodir) e eventual sensação de dor generalizada, semelhante a um sindrome gripal.

Estou na fase de subida do leite, e agora?

Ficar sentada à espera que passe não será de todo o correto a fazer, sob pena de contribuir para o entupimento e ineficácia de drenagem de um dos ductos de leite, com consequente inflamação local e dos tecidos curcundantes = MASTITE.

Assim sendo, convém termos em conta as seguintes DICAS:

  • oferecer mais vezes maminha ao bebé (ele sim vai ajudar a drenar o leite em excesso);
  • quando a mama estiver tensa e antes do bebé mamar (uns 10 minutos antes), fazer aplicação de quente local (colocar-se de baixo do chuveiro com água quente durante 1 ou 2 minutos), massajar as mamas no sentido do mamilo e fazer extração manual do excesso de leite para a banheira – no final, colocar o bebé a mamar;
  • após a mamada, aplicar frio local (uns 5 minutos) para evitar a produção excessiva de leite (através do efeito de vasoconstrição), aliviando também a dor de todo o procedimento;
  • PODE SER NECESSÁRIO REPETIR ESTE PROCEDIMENTO VÁRIAS VEZES durante o dia;
  • PODE SER NECESSÁRIA analgesia, habitualmente Paracetamol, se a dor persistir;
  • É FULCRAL vigiarem a temperatura corporal e, em caso de febre, irem ao centro de saúde ou à urgência hospitalar;
  • NÃO FAZER EXTRAÇÃO COM BOMBA pois o cérebro entende a bomba como sendo o bebé a mamar, aumentando a produção de leite e agravando, assim, a tensão.

Se a situação evoluir para MASTITE…

Quais os sintomas de mastite?

  • Habitualmente numa única mama;
  • Presença de nódulo mamário doloroso e com rubor circundante;
  • Sensação de picada quando o bebé mama;
  • Dor no corpo, com sensação de mal-estar geral;
  • Febre.

Como tratar?

  • Muitas massagens à mama, insistindo na zona do nódulo;
  • Tomar analgesia para alívio da dor;
  • Consultar profissional de saúde de referência (essencial apoio de conselheiro de amamentação ou enfermeiro de saúde materna e obstetrícia);
  • Pode ser necessária antibioterapia.

Informação baseada no Programa Nacional de Saúde Reprodutiva e na Associação Portuguesa dos Nutricionistas

O nosso caso em particular…

Além de todas as outras dificuldades que tive no início da amamentação, a subida do leite foi sem dúvida uma fase difícil. Precisei de fazer este procedimento de extração manual com os passos que vos menciono acima, 3 a 4 vezes ao dia, na semana da subida do leite e sempre que notava tensão mamária. Lá ia eu para a casa de banho, com o chuveiro a correr, massajar as mamas e procurar extrair manualmente o excesso, aliviando o desconforto.

Além disso, o João Maria não fazia boa pega inicialmente, tendo-me causado gretas nos mamilos, que superei com muita dificuldade e graças ao apoio de uma colega enfermeira da neonatologia. Explico-vos tudo no artigo «Desafios da amamentação».

Também nesse artigo vos refiro, e volto aqui a frizar que não somos piores mães se optarmos por aleitamento artificial, havendo no mercado um sem fim de leites que contribuem para o crescimento do bebé. Eu estava preparada para, em caso de não conseguir amamentar, introduzir leite artificial ao meu bebé.

Uma coisa é certa: procurem aconselhamento profissional, se querem muito amamentar mas estão a passar por dificuldades. O melhor apoio nesta fase é de uma conselheira de amamentação, que vos ajudará dando dicas cruciais para que ultrapassem as fases difíceis e a amamentação se torne proveitosa para mãe e bebé.

E por aí, qual foi / tem sido a vossa experiência de aleitamento? Para as grávidas e grávidos, já tinham pensado nestes assuntos? Como se estão a preparar?

4 Comments

  1. Sandra Andrade

    Cheia de medo
    Eu desde os dois meses que as minhas dores noa mamilos cada vez se tornam mais insuportáveis e tenho um medo que depois não consiga amamentar

    Reply
    • Enf Andreia

      Olá Sandra, não significa que não vá conseguir amamentar. Depois do bebé nascer é fundamental que a pega seja bem feita (peça todo o apoio necessário ao enfermeiro que estiver consigo nesses dias na maternidade), que a mãe esteja tranquila e que se alimente sempre bem e beba muita aguinha. Cá estarei nalguma adversidade 🙂 Um enorme beijinho

      Reply
      • Sandra Andrade

        obrigada senhora enfermeira . com certeza que tranquilizou muito mais o meu coração 🙂
        beijinhos enormes

        Reply

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